Matéria publicada na Caros Amigos 26/07/2010
Mulheres defendem parto sob controle. É cada vez maior o número de mulheres que optam pelo parto humanizado, que devolve autonomia a elas e possibilita uma postura ativa no momento de dar a luz. Por Bárbara Mengardo O número de cesarianas realizadas hoje no Brasil é altíssimo. Por medo da dor, pressão do obstetra, desinformação sobre as possibilidades de realização de partos ou pela comodidade de agendar o momento de parir, são muitas as mulheres que escolhem ter seus filhos por meio de uma cirurgia. Até o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admitiu que precisamos combater a atual “epidemia de cesarianas”. O Brasil é o campeão mundial em partos cesarianos realizados na rede particular de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera 15% a taxa máxima aceitável destas cirurgias sem qualquer região do globo. Porém, no Brasil, essa indicação parece ser ignorada. No Sistema Único de Saúde (SUS), 30% dos partos realizados são cesarianas, e o número é ainda maior no sistema privado, com um índice de 80% do procedimento. Os dados são do site da campanha Parto Normal Está no Meu Plano, promovida, entre outros, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pelo Ministério da Saúde. Além do emprego descontrolado das cesarianas, hoje existe uma série de procedimentos-padrão nas maternidades que deixam o bem-estar da mãe em segundo plano para acelerar o processo de nascimento. O objetivo dos hospitais é ter seus leitos livres mais rapidamente e evitar que médicos demorem muito tempo em cada parto. No entanto, na contramão desta tendência, é crescente o número de profissionais da área da saúde que afirmam que não há motivo para se orgulhar do Brasil ter altos índices de cesarianas. É cada vez maior também o número de mulheres que optam pelo parto humanizado, que, segundo defensoras da prática devolve à mulher a liberdade, autonomia e possibilita uma postura ativa durante o momento do parto. Dando as cartas“O parto humanizado não comporta pressa nem agenda” define a obstretiz paulista Ana Cristina Duarte, que há 10 anos segue a linha humanizada em seu trabalho. Para ela, um dos pontos fundamentais do parto humanizado é seguir o ritmo do bebê e da mãe, esperando o tempo necessário até o momento do nascimento, sem utilizar procedimentos que artificialmente levarão a um parto mais rápido. Diferentemente da prática normalmente empregada em hospitais, o parto humanizado coloca a mulher, e não os médicos, como a figura central durante o nascimento do bebê. “A mulher deve ser a protagonista de seu parto para que ela possa exercer o seu parir da forma mais completa que escolher” afirma a psicóloga carioca Gabriela Prado, integrante da Equipe Parto Ecológico. Segundo ela, cabe à mulher dizer qual é a maneira mais confortável e que lhe dá menos dor durante o trabalho de parto, e por isso é fundamental que a futura mãe tenha a possibilidade de andar, deitar, ficar de cócoras, entrar na água ou ficar dentro da banheira ou piscina durante seu parir. No parto humanizado é a mulher quem dá as cartas, e cabe aos profissionais que estão acompanhando o parto dar apoio e indicar como o processo acontecer mais tranquilamente. “O parto humanizado tenta devolver para a mulher aquilo que nós, médicos, tiramos dela, que é o protagonismo do parto. Eu não faço parto, assisto partos”, afirmou o ginecologista obstetra Jorge Kunh. Para garantir que a mulher tenha mobilidade, as equipes podem levar ao local do parto pequenas piscinas para serem cheias de água quente, que diminuem as dores, banquetas próprias para o parto de cócoras. O mais importante, explicam, é que a mulher sinta confiança na equipe, fique confortável no ambiente onde o parto está sendo realizado e tenha direito a buscar maneiras que facilitem a ela passar por este momento da maneira mais prazerosa e tranquila possível.
Um comentário:
Oi, acho bem interessante esse retorno ao parto normal, com a segurança oferecida pela modernidade.
Tentei comentar na semana passada e não consegui!
:-)
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