quinta-feira, 23 de agosto de 2012

POSIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE SAÙDE

CNS repudia resoluções que proíbem a assistência de parteiras em maternidades




As resoluções 265 e 266 do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), publicadas em julho deste ano, proíbem as mulheres de contarem com a ajuda de enfermeiras obstetrícias/obstetrizes, doulas e parteiras durante o parto. Do mesmo modo, as medidas preveem punição aos médicos obstetras que acompanham partos em casa ou dão retaguarda às parturienses até a sua entrada no hospital. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) é contrário às duas resoluções.


O Conselho acredita que é direito das mulheres escolher a forma como querem realizar o parto, que deve ser humanizado e deve garantir os serviços centrados na integralidade dos cuidados. Estas resoluções colidem com o princípio do Código de Ética Médica, que afirma que “uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade deve ser exercida sem discriminação de nenhuma natureza”.


A posição do CNS é pela revogação das resoluções, pois atentam contra os direitos humanos fundamentais das mulheres e suas famílias, assim como os direitos dos médicos de exercerem a profissão de acordo com a própria consciência.


Os conselheiros nacionais de saúde querem reafirmar seis pontos:

  • as recomendações em relação a atenção a partos da Organização Mundial da Saúde (OMS);
  • a Lei 11.108/2005 – Lei do Acompanhante;
  • as políticas do Ministério da Saúde, como a Rede Cegonha e o projeto “Doulas no SUS”, e o Programa de Humanização do Pré-Natal (PHPN);
  • as políticas da Secretaria de Saúde do estado do Rio de Janeiro, conhecidas como a “Cegonha carioca”;
  • o Código de Ética Médica, vigente em todo o país desde 2010;
  • a Lei 3.268/57, que define atribuições e competências dos Conselhos Regionais.

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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Informação , Compartilhamento, Empoderamento - Vale a pena ler até o final.


Sempre quis entender por que uma mulher prefere passar por uma cirurgia que
exige um corte transversal de 10 a 15 centímetros e atravessa sete camadas
de tecido do que ajudar seu filho a nascer da forma mais natural. Segundo a
Organização Mundial da Saúde, apenas 15% dos partos têm indicação de
cesariana. Mas, no Brasil, oito de cada 10 partos na rede privada são
cirúrgicos. E, assim, os bebês brasileiros cujas mães têm plano de saúde
nascem em horário comercial e o que era natural virou exceção. Por quê? E
para o benefício de quem?

Já ouvi dezenas de vezes a justificativa de que a cesariana “é mais prática,
cômoda e indolor”. Prática, cômoda e indolor para quem? Talvez seja mais
prática, cômoda e indolor para o médico, que não vai ser acordado no meio da
noite nem ter de desmarcar compromissos e consultas para acompanhar um
processo natural durante horas. Mas, para a mulher, os fatos provam que não.
Ainda que o parto natural leve mais tempo, assim que a criança nasce não há
mais dor. Já a recuperação da cesariana pode levar semanas e até meses,
quando tudo dá certo. Sem contar os riscos inerentes a uma cirurgia de
grande porte. Há poucos dias, ao visitar uma amiga que acabou de ter seu
segundo filho por cesariana, ela me disse: “A dor que senti ao tentar
levantar depois da cesárea foi muito maior do que todas as dores do parto
natural do meu primeiro filho. Não entendo como alguém pode achar que isso é
melhor”.

Também já perguntei a alguns obstetras por que fazem tantas cesarianas. E a
resposta de todos foi: “Porque nenhuma das minhas pacientes quer ter parto
natural”. Será? Sempre desconfiei que parte dos médicos não sabe fazer parto
natural. E, além de ser mais prático para eles, escolhem a cesariana porque
também têm medo. Em uma reportagem sobre mortalidade materna publicada na
Época em 2008, o obstetra Nelson Sass, professor da USP, afirmava exatamente
isso: “Os estudantes de Medicina das melhores faculdades quase não têm
contato com parto natural. É uma deformação das escolas. Como os casos mais
complicados são encaminhados aos hospitais universitários e resolvidos com
cesáreas, os alunos não treinam o parto natural”.

Este obstetra, que não foi treinado para o mais fácil e mais natural, vai
convencer aquela gestante que, no caso dela, uma cesariana é a melhor opção.
Quando uma mulher está com um filho na barriga e um médico diz que é
necessário cortá-la para que ele saia, dificilmente ela vai desafiar a
autoridade do médico e contestá-lo. Se o médico diz que é mais seguro, como
ela vai discutir e correr o risco de comprometer a vida do seu filho? Nesses
casos, mesmo mães que desejaram e se prepararam para um parto natural recuam
diante da autoridade daquele que sabe. Mas, às vezes, aquele que sabe só tem
medo. Ou, pior, tem um compromisso social em seguida ou apenas quer ganhar
mais.

Quando uma mulher engravida e a barriga começa a crescer, dá medo, às vezes
até pânico, saber que aquele bebê que está dentro dela vai ter de sair. E é
ela quem vai ajudá-lo nisso. E que esse processo inclui dor. É natural ter
medo. Isso não significa que essa mulher não possa lidar com esse medo e com
todas as fantasias a respeito desse momento e, mesmo assim, viver o que tem
para viver. A maior fantasia – e a que mais atrapalha todas as mulheres – é
justamente a ideia de que a maternidade é sagrada e só envolve bons
sentimentos. Então, para ser uma boa mãe, supostamente uma mulher teria de
achar tudo lindo e elevado.

Poucas crenças são mais perniciosas para as mulheres – e depois para os seus
filhos – do que o mito da maternidade feliz. A escritora francesa Colette
Audry disse uma frase genial sobre o que é um filho: “Uma nova pessoa que
entrou na sua casa sem vir de fora”. Como não ter medo e sentimentos
conflitantes a respeito de algo assim? Engravidar e parir dá medo mesmo. E
uma mulher não vai amar menos aquele bebê por sentir pavor, raiva e
sentimentos supostamente menos nobres – ou supostamente proibidos. Ao
contrário. Ela pode ser uma pessoa pior e uma mãe pior se sufocar esses
sentimentos em vez de aceitá-los e lidar com eles. O que também implica
lidar com o medo da dor do parto e da responsabilidade de ajudar o filho a
nascer. É claro que auxilia bastante encontrar um obstetra responsável que
converse com ela sobre seus sentimentos – em vez de abrir a agenda para
marcar a cesariana.

É por medo de viver e porque ninguém as ajuda a lidar com seus piores
pesadelos que muitas mulheres preferem não sentir – literalmente – um dos
momentos imperdíveis da vida que é o parto de um filho. Acredito que a saída
para esse medo não é ser anestesiada e cortada em data previamente marcada.
E, principalmente, sem necessidade. Como me disse uma grávida um dia:
“Prefiro a cesariana porque aí não tenho de passar por isso. Eu fico ali,
sem sentir nada, e de repente meu filho já está do lado de fora”. Essa
mulher nunca soube o que perdeu, porque perdeu.

Hoje há um movimento forte em defesa do parto natural e há crianças nascendo
em salas humanizadas de hospitais e mesmo dentro de casa nas grandes
cidades, como São Paulo, enquanto lá fora o trânsito para e os carros
buzinam. Existem grupos semanais onde as mulheres e também os homens podem
falar abertamente sobre todos os medos e trocar experiências sobre parto e
amamentação. E poder falar sobre isso e dizer que eventualmente está
apavorada faz bem para todo mundo e também para o bebê que vai ter uma mãe
que consegue falar de seus sentimentos. E falar do que sentimos e do que não
sentimos, por pior que nos pareça sentir o que não queríamos sentir – ou não
sentir o que achamos que deveríamos sentir –, nos ajuda a amar melhor.

Algumas ressalvas, porém. A luta pela volta do parto natural é um bom
combate. Mas é preciso não cair no outro extremo e virar xiita, já que
dogmas não fazem bem à vida. Às vezes percebo com pena esse traço em alguns
movimentos que poderiam ser melhores se deixassem a soberba de lado. A
cesariana é uma ótima saída nos casos em que é indicada e pode salvar a vida
da mãe e do bebê. O problema não é optar por ela quando claramente é a
melhor alternativa diante de uma complicação – e sim fazer a cirurgia sem
necessidade, um comportamento epidêmico no Brasil.

Saiba mais

   - *»*Leia outras colunas de Eliane
Brum<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI63840-15230,00-ARQUIVO+ELIANE+BRUM.html>

Nenhuma mulher é menos mãe ou menos mulher porque não conseguiu ter um parto
natural. Assim como nenhuma mulher é menos mulher porque decidiu que não
quer ser mãe. Já testemunhei mães orgulhosas de seu parto natural esmagar
com sua suposta superioridade uma outra que precisou de cesariana. Este é um
comportamento lamentável, quando não ridículo. Nesses casos, além de ter
sido submetida a uma cirurgia e estar cheia de dores e pontos, a mulher é
punida porque não foi uma superfêmea. Como se ter de fazer uma cesariana
fosse uma nova modalidade de fracasso. Superfêmeas, assim como supermães,
para o bem da humanidade é melhor que não existam. As mulheres mais bacanas
e as que possivelmente serão melhores mães são as que assumem seus medos e
não punem o medo das outras. E compreendem que na vida, assim como no parto,
a gente tenta fazer o melhor possível. E o melhor possível tem de ser o
suficiente.

Para nos ajudar a pensar sobre tudo isso, entrevistei uma amiga que teve seu
primeiro filho há uns poucos meses, perto dos 40 anos. Eu a escolhi porque
ela desejou muito um parto natural. E se preparou muito para o nascimento do
seu filho. E conseguiu o seu parto. Mas, para isso, passou por um tremendo
estresse desnecessário em seu embate com a cultura predominante da cesariana
e o medo de que os profissionais escolhessem por ela ao longo do trabalho de
parto.

Quando fui visitá-la no hospital, no dia seguinte ao nascimento do bebê, ela
tinha necessidade de contar sobre o pavor vivido não por causa das dores do
parto, mas pelo medo de que roubassem dela esse momento. Seu bebê era
saudável, ela ajudava a dar nele o primeiro banho e amamentava-o sem nenhum
incômodo. Mas o embate com a equipe de saúde a tinha marcado. E teria sido
melhor se ela tivesse a certeza de que sua decisão seria respeitada – e uma
cesariana só seria feita se realmente houvesse necessidade.

Há cerca de um ano ela deu outra entrevista para esta coluna, sobre seu
desejo e suas dificuldades de engravidar, e os mitos de fertilidade que
atrapalham a vida das mulheres. Agora, ela nos conta o capítulo seguinte. A
experiência de cada mulher é única. Esta é a da minha amiga. Nem certa nem
errada, nem melhor nem pior, apenas a dela.

ÉPOCA *– Você queria muito ter parto natural. Por quê?
*Me parecia uma experiência mais completa do que uma cesariana, mais natural
e menos passiva. Queria fazer força, ajudar meu filho a vir ao mundo. Não
queria alguém tirando ele com um bisturi sem que eu visse, por trás de uma
cortininha hospitalar, em 10, 15 minutos. A cena tinha de ser maior, mais
demorada e curtida. Me via puxando/empurrando meu filho pra vida. A gente
tomava fôlego de vez em quando e ele continuava a sair. Algo pra se ir
absorvendo aos poucos. Ao longo da gravidez, também fui construindo em mim a
ideia de que um parto normal seria algo mais meu, sobre o qual eu teria mais
controle do que uma cirurgia. Eu faria o parto – não o médico.

ÉPOCA *– - Este desejo, que é natural, afinal é assim que as crianças nascem
ou deveriam nascer quando não há nenhuma complicação, acabou sendo difícil
de botar em prática, porque toda a cultura ao redor empurrava você para uma
cesariana. E isso deu a você uma carga extra de tensão. Como foi?
*- Eu tive de fazer uma verdadeira maratona para conseguir meu parto. Sabia
que as cesarianas eram regra, mas não que era tanto assim. Os médicos te
dizem: "Vamos tentar um parto normal", como se fosse o mais difícil, como se
exigisse condições. Ora, o "normal" não é ser normal e a cirurgia só
acontecer se algo der errado? O fato é que eu tive de convencer, barganhar,
ameaçar trocar de médico para conseguir que fosse normal. Percebi que
precisaria me informar horrores, me apropriar do processo, para que quando
chegasse o momento ninguém pudesse me enrolar com desculpas como as que eu
ouvia de amigas justificando cesáreas. E nesta viagem eu aprendi muitas
coisas sobre parto. Tantas que teria sido capaz de fazer o meu sozinha.
Descobri que bastava amparar meu filho na saída e secá-lo. Não existe nenhum
procedimento imprescindível nem durante o parto, nem no nascimento - quando
tudo está bem, é claro. Não deixa de ser um absurdo ter de descobrir como
funciona algo tão ancestral e natural como um parto. Este processo parece
que foi transformado em um mistério pela medicina moderna – um mistério até
para as mulheres.

ÉPOCA *– - Por que você acha que a medicina tornou o parto um mistério? E
por que você acha que as mulheres preferem cesarianas? Do que elas têm tanto
medo, afinal?
*Primeiro, por falta de informação. Os médicos dão pouca informação. Chegam
a perguntar o que a mulher prefere, em vez de irem direto para o normal e
partirem para a cesárea apenas quando necessário. Já ouvi de um médico que
cesariana era mais “prático”. O ponto de partida é que já está errado. Se os
médicos não esclarecem, as possibilidades de parto normal já ficam
reduzidas. Por exemplo, o parto normal dói, mas tem a opção da anestesia no
momento em que a paciente quiser, embora o ideal seja mais para o final.
Acho que se as mulheres conhecessem melhor o processo, optariam menos por
cesarianas. Há vários mitos envolvidos. Acho que algumas mulheres consideram
o parto normal algo pouco civilizado, pouco moderno. Muitas têm medo de
ficar com a vagina alargada depois que passar um bebê. Tem também a questão
da falsa praticidade, de poder marcar o parto. Digo falsa porque não é nada
prático ficar com pontos na barriga de uma cirurgia considerada de porte,
fora o risco de ter um bebê nascido antes do tempo, antes de ficar pronto.
Há mulheres que querem acabar logo com o processo do nascimento, como se ele
não pudesse ser demorado e maravilhoso, sentido, como se esta demora não
tivesse também as suas delícias. É como sexo: você sua, se esforça, quanto
mais demora, melhor. Não combina ser asséptico, rápido, cirúrgico. O parto
também não. Mas acho que o que mais pega é o medo da dor. Nosso mundo tem
medo da dor. Mesmo a inevitável, a necessária, a que ajuda a trazer um filho
pra vida. A dor de parto não é como outras dores. Não é como uma dor de
ouvido, por exemplo. Ela vem aos poucos, para que a mulher se recupere nos
intervalos. É forte, mas é uma dor de vida, não de morte. Vai trazer uma
coisa boa. Isso te ajuda a suportar. Se não, tem a possibilidade de
analgesia. Prefiro dizer que não são dores de parto, mas contrações,
movimentos.

ÉPOCA *– - O que você aprendeu em sua busca de conhecimento, quase se
armando para que não roubassem de você um dos grandes momentos da sua vida?
*No fim, aprendi que havia vários tipos de parto normal - natural, normal,
induzido, humanizado... E percebi que eu não queria apenas um parto
"vaginal". Queria um parto com o mínimo de intervenções, o mais natural
possível. Nos últimos anos (ou décadas) foram estabelecidas tantas
intervenções como rotina que, na maioria dos partos normais urbanos, de
classe média, você toma uma superanestesia e fica inepta pra ajudar seu
filho a nascer. Então tem de tomar hormônio pra estimular as contrações
reduzidas pela anestesia. Na hora H alguém empurra sua barriga com uma
manobra horripilante e desnecessária para que o bebê saia. E, no fim, quase
que obrigatoriamente, cortam a entrada da sua vagina para ajudar o bebê a
sair, mesmo que não precise. Eu não queria nada disso. Queria um parto meu,
comandado pelo poder de dar à luz que a natureza me deu, apenas assistido
pelos profissionais de saúde.

ÉPOCA *– Em sua incursão pelo mundo da militância do parto natural, você
participou de grupos e ouviu histórias de todo tipo. Quais foram essas
narrativas e como elas ajudaram a construir a sua?
*Eu tinha guardado na memória o relato especial de uma amiga que teve a
filha ainda adolescente no hospital, mas sem anestesia, sentindo as dores do
parto. Era minha história inspiradora de nascimento. Descobri na internet um
grupo para grávidas, o Gama (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa), para
ajudar as mulheres a ter experiências assim. Frequentei esse grupo
semanalmente com meu marido. Lá ouvi outros relatos de partos naturais, ou
seja, sem anestesia nem intervenções, muitos ocorridos em casa. Quase todo
dia tinha uma história incrível de uma mulher que tinha dado à luz deitada
em sua própria cama, usando os lençóis guardados no armário, comovendo os
vizinhos com o choro de bebê novo que de repente interrompia os gemidos do
parto como se estivessem todos num século remoto, muitas vezes
escandalizando a família com sua escolha "precária". Não me lembro de um
relato exato porque eles se pareciam muito, mas de detalhes misturados de
nascimentos em apartamentos apertados no caos de São Paulo. Um casal contou
que teve o filho num cômodo sem janela, na parede apenas o quadro pintado
por um amigo imitava a paisagem de fora. Que loucura alguém parir sem
janela, pensei. Eu adorava esses detalhes curiosos e muito humanos. Teve o
marido assustado que se refugiou na cozinha para fazer comida enquanto a
mulher se contorcia pra dar à luz no quarto, como se nada de extraordinário
estivesse acontecendo na casa enquanto ele cozinhava. Teve a história da
mulher que berrou no meio de uma contração para o marido não entregar pra
parteira as toalhas de banho brancas, e sim as estampadas, se não estragaria
o enxoval dela. Teve o caso de uma que ficou muito brava com o companheiro
porque ele ficava contando os intervalos das contrações e isso a deixava
nervosa. Ela pedia que ele parasse e ele continuava contando. Teve a que
achou que tinha defecado no parto, mas era só a placenta saindo depois do
bebê. E teve uma que de fato defecou. Nunca tinha imaginado que coisas assim
pudessem acontecer. Além dessas histórias do grupo, fui também buscar
histórias mais próximas. Uma amiga contou que teve o bebê quase no saguão do
hospital, antes de a médica chegar, porque o marido não acreditou que o
trabalho de parto estivesse tão avançado. A filha nasceu enquanto ele
estacionava. Essa história me fez pensar que eu deveria conhecer bem os
estágios do parto, para o caso de uma emergência. Outra me contou como se
sentiu traída ao final de um trabalho de parto normal e tranquilo, quando o
anestesista a agulhou pelas costas sem que ela quisesse, apenas para
justificar sua ida ao hospital numa antevéspera de ano novo. E de como ela
se sentiu dolorida nos dias seguintes por causa da peridural e da traição.
Me fez pensar em como era importante eu deixar claro meus desejos e manter
em minhas mãos o comando da situação. E também a importância de deixar claro
para o meu marido o que eu queria – e não queria. Ouvi também um relato
triste da minha irmã, que sempre quis parto normal e acabou levada a uma
cesárea que ela acreditava desnecessária. Ela não viu os filhos saírem, não
sentiu nada. E quando fui resgatar essa história, senti como isso tinha
deixado nela uma ferida aberta. Uma ferida que eu não queria aberta em mim.
Fui escutando essas histórias para ver como era, saber o que eu queria, o
que eu não queria, e para tentar aceitar o que talvez estivesse além do meu
querer.

ÉPOCA *– Quando seu filho nasceu, você disse que ficou muito tensa durante o
processo porque a todo momento tinha medo de que os médicos pudessem dar uma
anestesia, fazer algum procedimento ou mesmo uma cesariana contra a sua
vontade. Como foi isso?
*Ao longo da gravidez, fui decidindo o que eu queria e o que não queria pra
mim e para o bebê. Coisas muito importantes, pelas quais eu e meu marido
faríamos todo o possível, e outras que nos importaríamos menos se escapassem
do planejado. Meu maior terror era passar por uma cesariana. Ainda mais se
fosse desnecessária. Não sei em que pedaço de mim isso pegava, mas pegava.
Nas últimas semanas, minha obstetra falou: "Querida, se rolar cesariana
serão dez anos de terapia pra você, não é?". Eu disse: "Exatamente. Você
entendeu o tamanho da coisa".

ÉPOCA *– Por que tanto horror à cesariana? Embora exista um abuso de
cesarianas no Brasil, boa parte delas desnecessária, há casos em que pode
ser a melhor escolha e mesmo fundamental para salvar a vida da mãe e do
bebê. Se fosse este o caso, não estaria tudo bem para você?
*Acho que se fosse o último recurso, tudo bem. Mas eu gostaria de ter
certeza de que era realmente necessário e não uma conveniência ou
inabilidade do médico, coisa que ficou muito difícil identificar hoje em
dia. Acho que eu também mitifiquei o parto normal. Eu nasci de cesárea. E
estou aqui, viva, sem traumas. Não tenho problemas com isso. Mas era um
desejo meu ter o filho naturalmente. Só aceitaria a cesárea se tivesse muita
clareza da necessidade.

ÉPOCA *– Então conta como foi seu processo nessa luta com os profissionais
de saúde ao longo do trabalho de parto...
*Meu trabalhou de parto ativo durou 13 horas. Isso é considerado normal, mas
as pessoas se assustam. Muitos médicos se assustam, inclusive. Meu pavor,
quando eu via o relógio andando depressa demais, era que eles se cansassem e
dissessem: "Bom, vai ter de ser cesárea". E me empurrassem uma desculpa
qualquer goela abaixo, com o poder da autoridade deles. Eu cheguei ao
hospital com contrações fortes e ritmadas, num bom intervalo. Mas a
dilatação era frustrantemente pequena ainda. Meu filho estava com a cabeça
defletida, ou seja, virada pra cima, mirando o céu, então não descia. E
minha vagina tinha uma reborda, uma espécie de dobra que se forma muitas
vezes e também dificulta a saída. Eu sabia que nenhuma das duas coisas era
motivo para cesárea, mas podiam tentar usá-las para fazer uma. Eu tinha
chamado uma doula, uma acompanhante de parto, que na hora me ajudou com
exercícios, posições e apoio emocional. Mas, depois de oito horas, acabei
pedindo uma analgesia porque não aguentei a dor, estava dobrada, apagando
nos intervalos das contrações. Tive medo que isso animasse os médicos a
fazer cesárea, afinal, eu já estava anestesiada, ainda que de leve. Chorei
muito porque não imaginava que a dor fosse maior do que eu. E chorei de
medo. Lá pelas tantas entrou uma obstetra na sala e começou a conversar com
minha médica. Ela dizia que o parto que ela fazia na sala ao lado estava
demorando muito então ia virar uma cesárea porque ela já estava cansada.
Entrei em pânico e comentei com a doula que não queria que todos se
cansassem daquele momento meu e quisessem ir embora inventando uma cesárea.
Minha médica ouviu e disse: "Temos todo o tempo do mundo para esperar". Era
verdade. Ela começou a me pedir pra fazer certas posições, me virava na
cama, com muita delicadeza, até que o bebê se acertou e começou a sair.
Nessa hora, de novo entrei em pânico, fiquei selvagem porque começaram a
montar uma mesa de instrumentos e eu temi de novo uma cesárea. Pra que tudo
aquilo? A pediatra, acostumada com partos humanizados, naturais, me disse
que era normal, uma prevenção em caso de ocorrer uma emergência. Mas a cada
barulhinho de metais mexendo eu gritava, perguntando o que iam fazer.
Felizmente, o que fizeram foi apenas esperar meu filho sair, naturalmente,
sem cortes, inteiros nós dois.

ÉPOCA *– Qual foi o sentimento quando seu filho nasceu?
*Eu parecia um bicho. Estava meio agressiva, assustada e ao mesmo tempo me
sentindo a dona da cena. Queimava tudo quando ele estava saindo. Parecia que
as tripas iam sair por baixo, apesar da analgesia, que era leve justamente
pra eu sentir. Daí ele saiu, roxinho, com o cordão enrolado no pescoço e na
mão, sem nenhum problema. Veja que os cesaristas adoram dizer que isso é
motivo pra cortar uma mulher. Alguém que estava perto da vagina esticou os
braços me entregando aquele pacotinho. Me escapou um: "O que eu faço com
isso?". Mas imediatamente eu soube e puxei ele pra mim, pro meu peito. Veio
a pediatra e ajeitou-o pra mamar. E ele mamou. Eu chorava, chorava. Chorava
e sorria. Parecia que não existia nada além dali. Que o momento era aquele.
Que a vida começava e terminava naquela sala. Que ali dentro estava tudo que
me importava. Senti orgulho de mim, do meu filho. Me senti poderosa, cheia
de muita coisa boa. Talvez algumas mulheres se assustem com a intensidade de
dor e de medo no relato do parto do meu filho e achem que não vale a pena.
Primeiro, eu acredito que as coisas importantes não são necessariamente
leves e indolores. Nem que as coisas boas só são boas se forem leves,
rápidas e indolores. Meu parto foi forte. Em alguns momentos foi tenso e
doloroso. Em alguns momentos tive medo. E, mesmo assim, foi uma delícia.
Mesmo assim, tive um prazer indescritível. Tudo junto, como a vida é. Não
trocaria isso por nada. Poucas vezes me senti tão viva. Poucas vezes estive
tão viva. E completa.

ÉPOCA *– Como é ser mãe? Fico observando você e percebo que, embora existam
as angústias, e elas são muitas nesse início da vida de um filho, você
parece estar sempre numa espécie de estado de completude. Volta e meia olha
para o seu filho e chora de alegria...
*Eu estou em estado de graça desde o momento em que meu filho nasceu. Eu
tinha um medo, que para algumas pessoas pode parecer idiota, de ter um filho
feio e burro. Bem, ele é lindíssimo. Meu bebê nasceu lindíssimo, como eu
jamais poderia imaginar que seria. Tem orelhas perfeitas, nariz lindo. Ele é
todo bonito. Tudo nele é bom. Senti algo indescritível quando saí da
maternidade com ele nos braços, apresentando a rua lá fora, o sol, os
carros, o barulho, as pessoas, a vida. Me senti a pessoa mais importante do
mundo. Chorei quase todos os dias do primeiro mês de vida dele. De alegria,
de plenitude. Chorei de ver que era tudo verdade, que ele estava ali. E
ainda choro. A maternidade está além da minha maior expectativa.

ÉPOCA *– Me parece, pela minha própria experiência e pela de outras mulheres
que escuto por aí, que o afeto e o amor pelo filho não é algo dado, mas
construído. De repente, há uma pessoinha nova fora da gente, na casa da
gente, exigindo coisas com o seu choro. Mesmo que a gente a carregue por
nove meses, fora do nosso corpo é outra história. Me parece que amamos aos
poucos, num afeto que vai se construindo e se fortalecendo ao longo dos
dias, até se tornar a ligação mais forte e profunda da nossa vida. E não
como um amor que vem do além e cai como um raio na hora em que o bebê nasce,
como somos ensinadas a acreditar que é o certo. Como foi para você?
*É interessante porque, embora a maternidade seja atávica, o afeto não é
automático, imediato. Eu não senti assim, pelo menos. Fui me apaixonando
pelo meu filho. É algo que é construído da rotina com o bebê, que é uma das
coisas mais intensas que alguém pode viver. Um dia aparece um serzinho
estranho de dentro de você para você cuidar. Invade seu mundo, sua vida, com
um cheiro novo, barulhos novos, hábitos novos. Surge um novo prolongamento
de você, algo que não existia antes e que precisa de você para existir. No
começo é ternura, curiosidade, encantamento. Acho que a natureza faz bebês
fofos para a gente se encantar e cuidar deles. Aos poucos vai virando amor,
delícia, intimidade. Você ama "aquele" bebê. Eu comecei a ficar mais mãe aos
poucos. E acho que vou ser cada vez mais mãe, conforme o tempo passar.

ÉPOCA *– - Um de seus conflitos é a aproximação do momento de voltar ao
trabalho, depois da licença-maternidade. Por um lado você tem vontade de
largar seu emprego e virar mãe em tempo integral. Por outro, tem sonhos de
que está trabalhando em grandes projetos. Não é fácil ser mulher, não é?
Como você está se virando?
*Não gosto nem de imaginar a volta ao trabalho. Parece que ele vai precisar
de mim e não vou estar. Dizem que quem mais sente a dor dessa primeira
separação é a mãe. Eu não consigo imaginar meu filho desamparado. Uma neura
de que não cuidarão tão bem dele, de que eu não estarei lá vendo cada
sorriso ou respiro. Acho que ainda sinto que ele é um pedaço de mim que
ficaria pra trás algumas horas, doendo. Tenho um trabalho flexível, que me
permitiria estar com ele em vários intervalos do dia. Ao mesmo tempo, já fiz
as contas pra ver quanto tempo eu poderia ficar em casa só acompanhando ele
crescer, mudar. Provavelmente, voltarei a trabalhar. Acho que ficaria tensa
de não ter segurança financeira e talvez me cansasse, com o tempo, de ficar
apenas em casa. Afinal, é uma rotina desgastante. Meu plano ideal seria que
me dessem uma licença de um ano ou que meu emprego me liberasse e estivesse
lá quando eu voltasse. Pra mim, seria o tempo ideal pra eu me dedicar ao meu
filho, curtir cada minutinho, cheirar ele o dia inteiro. É importante
trabalhar, mas é melhor ser mãe, ao menos nesse momento. Acho que o modo
como as coisas são estruturadas no nosso mundo, no nosso universo
brasileiro, não facilita muito a vivência dessas coisas. Poderíamos ter a
opção de voltar logo ou não ao trabalho. Eu queria muito ficar mais. Mas dá
medo chutar tudo e viver de economias. Eu não gosto de pensar nisso. Me
incomoda, estraga meu dia. Meu filho fez parar meu tempo. Mas as coisas fora
de nós não pararam. Não sei como resolver.

ÉPOCA *– Quais são as alegrias e os conflitos desse momento muito particular
que você está vivendo?
*As alegrias são todas. O sorriso dele quando acorda, as dobrinhas, o cocô
sem cheiro. Os gemidos, o choro, o beicinho, a respiração, o espirro. Mas a
maior felicidade é ele mamar no meu peito. Ele se alimentar de mim. Isso é
uma loucura. E eu me alimento de olhar ele mamando, toda torta, querendo
chorar de alegria. A mãozinha no meu peito. Algo indescritível. Não tenho
muito tempo pra mim, o que me angustia, mas só um pouquinho. Me sinto
bonita, forte, poderosa, e tenho conseguido administrar as dificuldades
porque tenho uma boa rede de apoio – marido superparticipativo, empregada,
família, grana. Talvez eu não seja a melhor referência, porque a maternidade
nem sempre é fácil. E pra mim está sendo uma delícia. Meu maior conflito é
querer às vezes ficar só eu, meu filho e o pai dele juntos, feito bichos,
num ninho, nos lambendo. Mas o planeta não é vazio como eu queria que fosse
agora. O que também tem um lado bom: muita gente pra eu mostrar a coisa mais
linda que eu já vi.

ÉPOCA *– Hoje, olhando para trás, o que o parto natural deu a você?
*O meu não foi 100% natural porque eu tomei analgesia. Meu parto normal me
deu a maior lembrança da minha vida. Uma longa cena que me mudou
completamente. Me sinto uma mulher completa agora. Me sinto uma mulher
feita. Acho que, por ter sido um parto normal, me sinto mais do que se fosse
de outra forma.

ÉPOCA *– Você tem medo do futuro? De seu filho estar aqui, de ter de
educá-lo com um mundo inóspito lá fora...
*Tenho todos os medos, os mais absurdos. De ele sofrer, de não ser feliz.
Medos que eu sempre tive da vida, como todo mundo. Mas meus olhos estão tão
cheios da visão linda do meu filho e meu coração transborda de uma alegria
tão grande que não cabe mais nada. Essas visões ruins de futuro se apagam
rapidamente. Uma ternura louca espanta os medos, tão logo eles chegam. E me
enche de esperança a idéia de criar um ser humano lindo e feliz. De
apresentá-lo ao mundo e o mundo a ele.

ÉPOCA *– O que é ser mãe, afinal?
*Para mim, ser mãe é me sentir completamente mulher, fêmea, em todas as
possibilidades. Já li que não é a maternidade que te faz uma mulher. Mas há
uma dimensão que a gente só conhece sendo mãe. É mais para sentir do que
explicar. Me sinto maior do que eu era antes. Bem maior.

DesneCesárea - Matéria Revista Pais e filhos

DesneCesárea

MAIS DE 70% DAS BRASILEIRAS QUEREM FAZER PARTO
NORMAL, MAS SÓ 10% CONSEGUEM. FOMOS INVESTIGAR OS
PRINCIPAIS MOTIVOS QUE LEVAM A ESSE DESCOMPASSO

POR LARISSA PURVINNI, MÃE DE CAROL, DUDA E BABI.
COM REPORTAGEM DE CÍNTIA MARCUCCI, FILHA DE
MARIZA E EMILIANO, PAULA MONTEFUSCO, FILHA DE
REGINA E ANTONIO E SOFIA BENINI, FILHA DE MARIA PAULA E NERY

A maioria das brasileiras (70%) gostaria de
tentar o parto normal, mas muito poucas (10%)
conseguem. O dado vem de pesquisa da Escola
Nacional de Saúde Pública com colaboração do
Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, e da
Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Nosso país é campeão em partos cirúrgicos, com
índices que atingem 43% do total de nascimentos e
chegam a 80% nos hospitais particulares. Em
certas maternidades, a taxa ultrapassa 98%,
quando a Organização Mundial da Saúde recomenda
que não passe de 15% dos partos. As razões
esbarram em questões culturais e na realidade do nosso sistema de saúde.

As mulheres também levam parte da culpa, segundo
os médicos. “A mulher latina suporta mal a dor, a
encara como sofrimento, não como algo que depois
a leva a uma grande realização pessoal”, aponta o
ginecologista e obstetra Carlos Czeresnia, pai de
Débora, Liora, Diana, Jonathan e Ricardo. O
obstetra Jorge Kuhn, pai de Renata, Clara e
Otávio, concorda: “Muitas mulheres esperam um parto utópico: rápido e sem dor”.

Parto no convênio
O outro lado da questão envolve o sistema de
saúde brasileiro, em especial os convênios
médicos. “Um parto normal pode demorar de 8 a 12
horas e ocorrer a qualquer momento. O médico faz
as contas e conclui que é mais econômico
programar a cesárea”, avalia Czeresnia. Por outro
lado, o obstetra Jorge Hodick-Lenson, pai de Íris
e Rebeca e avô de Sofia, que vieram ao mundo
pelas suas mãos, afirma que, mesmo para médicos
particulares, pagos diretamente pela paciente,
sem depender da tabela dos planos de saúde, a
incidência de cesáreas é alta – cerca de 80%. “A
cliente está pagando pelo tempo necessário para o
médico ficar com ela durante o trabalho de parto
e, ainda assim, ele faz a cirurgia sem indicação
efetiva, já que não existem 80% de indicações
médicas para cesariana. Isso poderia ser
considerado uma verdadeira epidemia de patologias
obstétricas”. Ou seja: seria como dizer que as
brasileiras têm algum defeito de fábrica: não
entram em trabalho de parto, não têm dilatação e por aí vai...

O obstetra vai além: “Há alguns anos eu fiz uma
pesquisa com 2.000 mulheres, fiz duas perguntas
durante a execução de exames de ultrassonografia
de rotina ginecológica. A primeira foi: ‘Seu
parto ou partos foram normais ou cesarianas?’.
Quase que 80% responderam que foram cesarianas. A
segunda pergunta foi: ‘Por que foi cesariana?’.
Quase 80% responderam quase com as mesmas
palavras: ‘Não tive dilatação’. Ou seja, dá a
impressão de que a mulher brasileira tem um
‘defeito’ no colo do útero – que dilata em todas
as mulheres do mundo, menos nela. Isso denota uma
falsa informação e indicação quanto aos motivos
da cesariana”. Traduzindo: os médicos indicam o
parto cirúrgico sem real necessidade e minimizam os riscos.

Cesárea segura?
Muitos profissionais insistem que, no caso do
Brasil, a cesárea é tão segura quanto o parto
normal, quando estudos mostram risco de morte
quase 11 vezes maior em comparação às que fizeram
parto vaginal. Há casos em que o doutor chega a
dizer que não há diferença entre os dois tipos de
parto, ambos têm vantagens e desvantagens, quando
a evidência científica é a de que o parto normal
é o melhor para mãe e bebê. Bebês nascidos por
meio de cesárea têm risco quase 5 vezes maior de
precisar ficar na UTI ou na semi-intensiva. Para
os bebês nascidos a termo, o risco de desenvolver
desconforto respiratório é 7 vezes maior nos
bebês nascidos de cesáreas programadas do que nos
nascidos de parto normal, porque o trabalho de
parto serve para terminar o amadurecimento do
bebê, principalmente dos sistemas respiratório, imunológico e nervoso.

Muito disso ocorre por outro fator cultural, que
é a confiança quase cega nos médicos, que faz
muitas mulheres só se basearem no que seu
obstetra lhes diz. Quando perguntamos sobre como
convencer a mulher de que o parto normal deve ser
a primeira opção, o dr. Kuhn, pai de Renata,
Clara e Otávio, aponta que esse não é o caminho
para reverter o alto número de cesáreas. “A
palavra não é convencimento. A mulher precisa se
informar adequadamente. Mas aí vem a comodidade
tanto dela quanto do médico. Para o Ministério da
Saúde é interessante investir no parto normal,
pois, além de ser o melhor para o bebê e para a
mulher, é mais barato e não apresenta os riscos
de uma cirurgia. Os médicos não explicam sobre
possíveis hemorragias e infecções, pois não é
conveniente”. Traduzindo: muitos médicos, no
mínimo, omitem informações importantes.

O papel do acompanhante
Uma das investidas do Ministério é implementar a
Lei do Acompanhante, que prevê a entrada de um
acompanhante da escolha da mulher na sala de
parto – sem custo adicional. “A mulher tem de
confiar em si mesma e em quem está com ela. E se
sentir acolhida no ambiente para ter a
tranquilidade de esperar o curso natural do
parto”, comenta Daphne Rattner, filha de Henrique
e Miriam, especializada na área técnica da Saúde
da Mulher do Ministério da Saúde.

Desde o ano passado, quem tem convênio médico tem
direito a uma enfermeira obstetra e a uma
acompanhante de parto. A meta do governo era
reduzir de 80% para 60%, até 2011, o percentual
de cesarianas em partos cobertos por planos e
seguros de saúde. Na rede pública, em que o
percentual já é menor, a meta é reduzir de 30%
para 25%. No entanto, neste ano, dados divulgados
pelo Ministério da Saúde mostraram um novo
aumento da taxa de cesarianas: em 2008, 84,5% dos
partos cobertos por planos de saúde foram
cesarianas; em 2004, a taxa era de 79%.

Claro que a culpa não é só do médico. Muitas
vezes, a própria paciente demonstra em suas
atitudes, mesmo que diga que quer o parto normal,
que não está realmente disposta a passar por tudo
que ele implica. O que vale a pena, sempre, é ir
atrás de informações e buscar, o mais cedo
possível, um médico que esteja de acordo com a
sua ideia de como deve ser o parto do seu filho.
Conversamos com mulheres que queriam muito ter
feito parto normal, mas acabaram fazendo o que,
desconfiam, foi uma “desnecesárea” – e
identificamos alguns dos principais motivos que levam a esse desencontro.

Quando a cesárea é a única alternativa
Antes do início do trabalho de parto, indica-se a cesárea em caso de:
* Placenta prévia (fica sobre o colo do útero)
* Bebê em situação transversa (“atravessado”, nem
sentado nem de cabeça pra baixo)
* Herpes genital com lesão ativa durante o final da gestação

Durante o trabalho de parto, indica-se a cesárea em caso de:
* Eclâmpsia (entre as principais causas de morte
materna no Brasil, acontece porque a mulher com
pré-eclampsia grave convulsiona ou entra em coma.
O problema relaciona-se a pressão alta e presença de proteína na urina)
* Prolapso de cordão (o cordão umbilical aparece antes da cabeça do bebê)
* Descolamento prematuro da placenta (durante o
trabalho de parto, a placenta separa-se da parede
uterina, provocando hemorragia intensa)
Fonte: Parto normal ou Cesárea – O que Toda
Mulher Deve saber (e todo Homem tamb ém), de
Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte (ed. Unesp)

1. A escolha errada do médico
Confiei na minha médica, que me disse que a
prioridade era sempre o parto normal. Em quem
mais eu confiaria? Com 39 semanas, ela me fez um
exame de toque e disse que não havia nada de
dilatação. Como eu havia passado por uma cirurgia
para a retirada de um suposto tecido cancerígeno
do útero (diagnóstico nunca confirmado), bastou.
Ela me disse: “Se com 39 semanas você não tem nem
sinal de dilatação é porque seu útero é
enrijecido. Vamos marcar a cesárea, porque você
nunca vai ter dilatação”. Eu me lembro de sair
aos prantos do consultório. Após a cirurgia ela
me disse: “Querida, você realmente não teria um
parto normal, pois, além de não dilatar, seu bebê
não estava encaixado”. Na hora, ainda
anestesiada, nem percebi o absurdo dessa declaração.
Renata Suarez, mãe de Pedro e Léo

* O problema. Muitos planos de saúde pagam entre
R$ 300 e R$ 500 pelo acompanhamento de um parto e
poucos médicos se dispõem a trabalhar mais de dez
horas por essa quantia. Alguns, para não perder a
paciente, dizem que só na hora do parto é
possível saber como proceder. Há bons médicos,
que não exporiam mãe ou bebê aos riscos de uma
cirurgia desnecessária. Mas não é tão fácil encontrá-los.
* A solução. Peça indicações a grupos de apoio ao
parto normal, como o Amigas do Parto
(www.amigasdoparto.com.br). Outra maneira é
selecionar médicos do convênio e ligar para o
consultório perguntando: “Você sabe dizer se ele
faz mais partos normais ou cesáreas?”. Se a
resposta for que ele faz cesárea de vez em
quando, mas a maior parte é de partos normais, é
uma boa pista. Converse com as pacientes na sala
de espera; se a maioria fez cesárea, é mau sinal.
Outra opção é ligar para a maternidade e pedir
para falar com a enfermeira obstetra. Ela poderá
indicar médicos adeptos do parto normal.

2. Dificuldade de lidar com a dor
Desde que soube que estava grávida, tinha vontade
que meu filho nascesse por parto normal. O dia do
nascimento chegou e, depois de doze horas de
trabalho de parto, a dor estava insuportável.
Quis anestesia, o que me trouxe alívio da dor,
mas atrapalhou na progressão das contrações.
Continuei tentando por mais um tempo, mas, com
quase 24h de trabalho de parto, estava exausta,
no meu limite e acabei optando pela cesárea.
Hoje, Flávia está com 8 meses; mas, se engravidar
de um segundo filho, quero tentar dar à luz por parto normal.
Eliane Midori Tanaka, mãe de Flávia

* O problema. A percepção da dor varia muito de
mulher para mulher. Algumas as descrevem como
cólicas menstruais intensas, mas suportáveis;
outras a consideram intolerável. É importante que
a mulher esteja preparada para sentir alguma dor.
O fato de ficar imobilizada na cama de parto
atrapalha também. A anestesia barra a sensação
dolorosa, mas pode diminuir a intensidade das
contrações e a progressão da dilatação,
aumentando o risco de cesárea. Por isso, ela é
dada com o trabalho de parto bem avançado.
* A solução. Contar com um acompanhante de sua
confiança ajuda a tolerar a dor. A presença de
uma doula (profissional que acompanha o parto) é
associada a menor necessidade de anestesia e de
cesarianas. O corpo tem anestésicos naturais, as
endorfinas, cuja produção é incentivada por um
ambiente tranquilo e bloqueada pela presença de
estranhos e pelo medo. Estudos mostram que o
principal fator que faz a mulher não precisar de
anestesia é ela acreditar que não precisa. A
liberdade de posição ajuda: poder mudar de lado,
caminhar, ter alguém que faça uma massagem, ficar
naquela bola tipo Pilates ou na banheira de
hidromassagem facilita controlar a sensação de dor.

3. Bebê "grande demais", com mais de 3,5 kg
Chegando perto da 41ª semana, fiz o cardiotoco
(exame que avalia o bem-estar fetal) e um
ultrassom e, então, fui ao consultório. Estava
com 1 cm de dilatação, mas, ao ver o ultrassom, a
médica decretou: “Seu bebê está muito grande, com
3,980 kg e só faço partos normais em bebês até
3,5 kg”. Perdi o chão. Não tinha lido nada sobre
até quantos quilos um parto normal não seria
arriscado. Eu pedia calma, que precisava pensar,
e ela disse: “Priscila, eu te disse que a
apoiaria em um parto normal, desde que não
oferecesse risco para você ou para a bebê. Nem
mesmo pelo SUS fariam um parto normal com um bebê
tão grande, pode quebrar algum ossinho e ela pode
ter um problema para o resto da vida. É isso que
você quer? Tente a sorte com um plantonista do
hospital, talvez algum louco aceite.” Sem
respostas, ela marcou minha cesárea. Recebi um
documento dizendo: bebê macrossômico. A Lívia
nasceu no mesmo dia, "salva por uma cesárea".
Priscila Moraes, mãe de Lívia

* O problema. Um bebê é considerado macrossômico
(muito grande e pesado) acima de 3,7 kg, mas,
ainda assim, é possível fazer o parto vaginal. A
questão do feto macrossômico deve ser vista
sempre em conjunto com o fator materno. Existem
gestantes que conseguem dar à luz crianças
grandes, porque têm uma boa bacia, o canal de
parto. Há gestantes que, mesmo com bebês de peso
normal (em tormo de 3 kg) não conseguem, por ter bacia estreita.
* A solução. É preciso se informar sobre se o
médico apoia o parto normal e tem experiência em
realizá-lo. Muitos profissionais sentem-se
inseguros em fazer um parto normal por
desconhecimento. Também existe o medo de
processos. É mais fácil um médico ser processado
por não fazer uma cesárea do que por tê-la feito desnecessariamente.

4. A gravidez ultrapassou o tempo previsto
Deixei claro para o meu médico que queria um
parto normal sem anestesia. Com 39 semanas, ele
me examinou e disse que minha filha já estava
encaixada e que o parto seria, muito
provavelmente, naquele final de semana, mas não
rolou. Ele tinha me dito que, se eu chegasse às
41 semanas, seria internada. Três dias antes
disso, fui ao consultório e não tinha dilatação.
Ele me disse que a cabeça estava muito alta e ele
achava que ela não iria descer, porque meu
quadril era muito estreito e informou que, para
ele, o tempo de espera tinha acabado. Perguntei
se não iria tentar induzir e ele disse que não,
pois em seus 30 anos de experiência isso
não adiantaria e ele não saberia se havia
mecônio ou se iria causar sofrimento no bebê.
Acabei fazendo cesárea. Soube, depois, que não
havia mecônio, mas na hora fiquei em dúvida. Não
acho que o meu médico me enganou, mas chegou ao
limite de sua crença médica e achou mais prudente fazer a cesárea.
Elenira Peixoto, mãe de Dora

* O problema. A gestação humana normal vai de 37
a 42 semanas. Para que seja considerada passada
da data provável (pós-data), precisa exceder 42
semanas ou 294 dias a partir do primeiro dia da
última menstruação. Nem toda mulher dá à luz na
chamada data provável de parto: 58% têm o bebê
até o final da 40ª semana. Há a possibilidade de
o “atraso” se dever à inexatidão do cálculo. Numa
cesárea marcada antes que a mãe entre em trabalho
de parto, há risco de o bebê nascer prematuro.
* A solução. É possível fazer exames para
acompanhar o bem-estar do feto e a situação da
placenta, que pode deixar de realizar a função
respiratória e de propiciar os nutrientes
essenciais de que o bebê necessita quando a
gestação se estende muito. Se tudo estiver bem,
ainda é possível tentar induzir o parto.

5. Fazer o pré-natal sem buscar outras fontes de informação
Em todo o pré-natal, meu médico se mostrou super
solícito e afirmava que eu não teria problema
algum em ter parto normal, que tudo indicava que
seria como eu queria. Na 38ª semana, ele disse
que minha filha estava muito grande, que teria de
me machucar muito para que ela nascesse de parto
normal, que ela estava muito alta e fez uma série
de terrorismos para falar que era melhor
marcarmos a cesariana. Eu, mãe de primeira
viagem, confiando no médico que me acompanhou
durante todo o pré-natal (dizendo que eu teria
minha filha de parto normal), fiquei muito
insegura e concordei. Além de ter feito uma
cesariana sem qualquer necessidade, o médico
ainda foi superfrio e impessoal. Filho nasce uma
vez só na vida. E quando nos preparamos, por nove
meses, para que ele nasça naturalmente, e nos
fazem uma cirurgia sem necessidade, a frustração é para sempre.
Débora França, mãe de Luísa

* O problema. Sim, é ótimo confiar no médico, mas
não cegamente. No Brasil, não existe uma tradição
de consentimento informado em saúde, ou seja,
esclarecer o paciente sobre vantagens e riscos de
um procedimento, para que ele possa participar da
escolha, em parceria com o médico. E, como a
gente já sabe, muitos médicos puxam a brasa para
a cesárea sem a menor indicação... médica.
* A solução. Se você desconfia que seu médico
está indicando uma cesárea sem necessidade, ouça
uma segunda opinião. Pode ser que ele esteja
certo e, no seu caso, seja mesmo a melhor opção
para você e o bebê. Mas, se você se sentiu
insegura, vale a pena tirar a dúvida, sim. Muitas
mulheres têm medo de trocar de médico já no final
da gravidez, mas lembre-se de que, no final da
gravidez, as consultas passam a ser semanais e
você verá o médico mais vezes do que em todo o
pré-natal. Entre os deveres da paciente está o de
se informar e decidir conjuntamente como será o parto.

6. Demora para entrar em trabalho de parto
Sempre quis parto normal. Com 38 semanas
completas, minha bolsa estourou. Avisei minha
médica e segui para a maternidade. Estava bem
tranquila, tinha lido muito durante a gravidez e
sabia que todo o trabalho de parto ainda
demoraria um tanto. Até que cheguei à
maternidade, depois de duas horas no trânsito. Lá
disseram que meu plano só cobria “parto eletivo”,
ou seja, com data marcada, e precisei discutir
com a atendente até esclarecer o mal-entendido.
Isso foi me deixando mais ansiosa. Quando a
enfermeira me analisou, disse que eu estava com
pouca dilatação e ligou para a minha médica para
comunicá-la. Ela conversou comigo e disse que,
depois de seis horas de bolsa rompida, o bebê
corria risco de infecção e era melhor a cesárea.
Pedi a ela que induzisse, mas ela me questionou:
“Por que arriscar?” Autorizei a cirurgia, estava
vulnerável e com medo de algo dar errado com o
bebê. Entrei na sala de parto e, 40 minutos
depois, eu era mãe. Todo o vínculo dos nove meses
de gestação parecia ter sido cortado de repente.
Mônica Luz, mãe de Luca

* O problema. Um dos motivos pelos quais houve
alta na taxa de cesáreas é porque as mulheres vão
para a maternidade cedo demais. O primeiro parto
de uma mulher pode levar de seis a doze horas, em
média; algumas vezes, demora mais de 24 horas. No
caso de a bolsa se romper, a maioria das mulheres
entra em trabalho de parto até oito horas depois.
* A solução. Depois de iniciado o trabalho de
parto, o ideal é esperar em casa até que as
contrações ocorram com intervalos de três ou
quatro minutos. No caso de a bolsa se romper,
muitos médicos realmente aguardam apenas algumas
horas para que a mãe entre em trabalho de parto.
Caso isso não aconteça, é possível induzir o
parto. Estudos mostram que é possível esperar de
72 a 96 horas pelo parto, a partir de quando aumenta a incidência de infecção.

7. Uma vez cesárea, sempre cesárea
Decidi que, na minha segunda gravidez, teria um
parto normal, livre de intervenções cirúrgicas,
devido a uma cesárea prévia dez anos antes. Na
nova gravidez, já na primeira consulta foi
abolida a oportunidade de um parto normal. Fiz
contato com doulas e fiz mais três tentativas de
médicos "convencionais". A cada consulta, mais
frustrações. Após ler uma reportagem, fui a uma
consulta em busca da possibilidade de um parto
humanizado. A primeira impressão que tive foi a
de estar em uma sessão hippie de ioga: a médica
não apresentava nenhuma segurança e me deixou
ainda mais preocupada. O Hicham nasceu de
cesárea, infelizmente. Por medo, a cultura
familiar também ajudou a influenciar contra o parto normal.
Fernanda Retamero, mãe de Paulo Henrique e Hicham

* O problema. Antigamente, a sentença ainda se
sustentava, por conta do tipo de cirurgia. O
risco de ruptura uterina variava entre 4% e 9% em
um parto normal posterior. Hoje, o risco de
ruptura caiu para 0,5%. Estudo da Faculdade de
Medicina da Unesp, em Botucatu, mostrou que 60%
das mulheres com cesárea anterior conseguiram ter
seus bebês pela via vaginal. Os bebês tiveram
menos complicações respiratórias do que os que nasceram por cesárea.
* A solução. Buscar um médico que tenha
experiência com parto normal e estar bem
informada para decidir, conjuntamente com ele,
analisando os riscos, qual o tipo
de parto você quer ter.

8. Falta de dilatação (ou dilatação que não evolui)
Conforme orientação da minha médica, quando
estava com contrações a cada 15 minutos fui para
o hospital. Mas, ao chegar lá, tinha somente 2 cm
de dilatação. Mesmo assim, minha médica, por
telefone, autorizou minha internação. Fui para o
delivery room feliz, porque sabia que somente
sairia dali com meu filhinho nos braços. As horas
foram passando, minhas dores permaneciam e as
contrações chegaram a 12 em 12 minutos, mas não
evoluíam. Após cinco horas, ainda estava só com
os 2 cm de dilatação. Comecei a ficar angustiada.
Minha médica colocou para mim: "Ou cesárea ou
estimulamos as contrações, mas pode demorar ainda
umas dez horas para o nascimento". Foi uma
decisão difícil, mas acabamos optando por uma
cesárea. Senti que a decisão, no final, acabou
sendo minha, por conta da minha ansiedade.
Erika Farias, mãe de Pedro Henrique

* O problema. A falta de dilatação é uma das
principais causas para as cesáreas no Brasil.
Mas, para o colo do útero se dilatar, é preciso
que a mulher tenha contrações rítmicas. O
primeiro trabalho de parto de uma mulher pode
levar de seis a doze horas, em média, mas pode ultrapassar 24 horas.
* A solução. Se, ao chegar à maternidade, você
ainda está com menos de 4 cm de dilatação, volte
para casa e espere um pouco mais. O ideal é ir
para a maternidade quando estiver tendo ao menos
15 contrações por hora, o que dá mais ou menos
uma a cada 4 minutos. Segure a onda e espere mais um pouco.

Consultoria: *Ana Cris Duarte, mãe de Julia e
Henrique, é doula, uma das autoras do livro Parto
Normal ou Cesárea? – O que Toda Mulher deve Saber
(e todo homem também), uma das fontes consultadas
para elaboração desta reportagem. Tel.: (11)
3727-1735 *Carlos Czeresnia, pai de Débora,
Liora, Diana, Jonathan e Rica rdo, obstetra.
Tel.: (11) 3067-6700 *Daphne Rattner, filha de
Henrique e Miriam, especializada na área técnica
da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde.
www.saude.gov.br *Jorge Hodick-Lenson, pai de
Iris e Rebeca, obstetra e especialista em
medicina diagnóstica, autor do livro Como Vai Ser
Meu Parto, Doutor - Uma Visão Zen do Nascimento,
Editora Mercuryo. lenson@terra.com.br, Tel.: (11)
4193-3121, www.ultracron.com.br *Jorge Kuhn, pai
de Renata, Clara e Otávio, médico obstetra. Tel.: (11) 5579-3168

CURSO PARA GESTANTES , PAIS E CASAIS GRÁVIDOS .

POR UMA MATERNIDADE E PATERNIDADE ATIVAS E CONSCIENTES.